Barcelona 5 x 0 Real Madrid
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É o Barcelona em  dia de inspiração o maior espetáculo do planeta. Ainda mais com o “plus”  da motivação por conta de um superclássico cercado de expectativas e a  vontade de dar o troco ao treinador falastrão que foi o algoz comandando  a Internazionale no único grande revés do time catalão comandado por  Pep Guardiola, na semifinal da última Liga dos Campeões. 
A exibição histórica que deu a liderança do campeonato espanhol ao  time catalão e impôs a José Mourinho a maior derrota em toda a vitoriosa  carreira pode ser classificada como um show de ilusionismo no Camp Nou. 
A começar pelo toque de bola envolvente que literalmente “esconde” a  bola do adversário. Soa injusto criticar o Real Madrid por não definir  uma estratégia defensiva no 4-2-3-1 habitual. A troca de posicionamento  de Cristiano Ronaldo e Di Maria pelos flancos tinha o claro propósito de  fechar com o argentino as descidas de Daniel Alves e compactar mais a  equipe na recomposição.
O problema é que, desde o início, a partida se transformou numa  imensa “roda de bobo” diante de 98 mil pessoas. Busquets, Xavi e Iniesta  ganhavam com sobras o duelo nas intermediárias contra Khedira, Xabi  Alonso e Ozil com marcação eficiente e troca de passes com paciência e  sintonia absurda. A perfeição do “tiqui-taca”.
Faltava a estocada letal após tontear o oponente. É aí que entra  Messi. Desta vez a magia não veio em forma de gols, embora ele tenha  tentado e quase marcado logo no início da partida em lindo toque que  encobriu Casillas, mas encontrou a trave direita. Na verdade nem foi  necessário que o artilheiro do time fosse às redes.
No primeiro tempo, a ilusão criada pelo craque foi tática. O camisa  dez fez a retaguarda madrilenha acreditar que devia avançar em linha  para abafar o toque de bola quando quem teoricamente deveria ser o  centroavante do 4-3-3 blaugrana recuasse para trabalhar no meio-campo,  muitas vezes atrás de Xavi e Iniesta. 
Atacando sempre buscando as enfiadas para Pedro e Villa em diagonal  ou para quem aparecesse de trás, o Barcelona abriu 2 a 0 em 18 minutos.  Primeiro foi o passe de Iniesta para Xavi entre Ricardo Carvalho e  Marcelo. Depois foi o lançamento do próprio autor do primeiro gol para  Villa receber livre pela esquerda, passar por Sergio Ramos e cruzar para  Pedro surpreender Marcelo e conferir o rebote de Casillas. O time merengue até tentou atacar. Diante da inoperância e apatia de Benzema, Di Maria e Ozil, Cristiano Ronaldo arriscou jogadas individuais pelos dois lados, simulou um pênalti de Valdés e até apelou empurrando Guardiola na lateral do campo, talvez para “incendiar” a partida. Tudo em vão. O Barça era vibrante em campo, mas gelado e objetivo na proposta de jogo.
 Com  o recuo de Messi, teoricamente o atacante central do 4-3-3 do  Barcelona, a última linha de defesa madrilenha avançava e abria espaços  para os ponteiros Pedro e Villa e quem aparecesse de trás. A estratégia  blaugrana pulverizou o 4-2-3-1 armado por Mourinho com Cristiano Ronaldo  e Di María trocando de lado para fechar os avanços de Daniel Alves.
A entrada de Lass Diarra na vaga de Ozil após o intervalo parecia  trazer o propósito de Mourinho de enfim vigiar Messi como um meia e  deixar o miolo de zaga para a cobertura dos laterais. No entanto, a  única alteração na prática foi o avanço de Khedira para exercer a mesma  função de Ozil quando o Real tinha a bola. Os volantes prosseguiram  deixando Pepe e Ricardo Carvalho entregues à própria sorte. 
O Barça continuou tocando e girando. Mas Messi ficou mais avançado  para os contragolpes, ora pela direita, ora pelo centro. O craque  recebia de frente para a zaga, tabelava com Xavi e Iniesta e procurava  os ponteiros. E em dois passes magistrais da “Pulga”, Villa definiu o  jogo com conclusões simples e precisas. O camisa sete terminou como o  artilheiro do clássico, mas Messi e Xavi novamente dividiram o  protagonismo do massacre azul e grená.



